1. |
Singulário
04:40
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Tanto de falsa postura e eu pra variar
Variando com a temperatura do lugar
Bote sua ferradura e venha pro salão
Não precisa acupuntura ou mesmo compreensão
Já se foi a era de Aquário outra está ai
Como todo bom otário eu quero um souvenir
Pura emoção só se encontra aqui
E de grão em grão perde a razão desse existir
Sangra lento este assoalho crescendo capim
Homens jogando baralho, damas de patins
Charlie Chaplin dancing mambo, drinking gasoline
Living in the concrete jungle, yellow submarine
Rolo pelo chão, só você pedir
Peço de antemão a permissão pra desistir
Um leão por vez. Óleo pelo mar.
Banquete burguês. Doce jabá.
Quem de nós terá o que ninguém tem?
E aquele que dá quer ter também
Fora de questão, vida de atriz
Cresço à proporção que a multidão clama meu bis
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2. |
A Cabeça do Óbvio
06:24
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Uma cabeça fria
Uma cabeça fria, imensa e só
Ao sol do meio-dia, nó da razão
Demarcando o espaço, intacto não
Mastigando a cidade
Faz ruir o concreto, nasce do chão
Uma cabeça exposta
Uma cabeça exposta e por que não?
Com o mundo nas costas, certa de si
É o que de melhor se pode atingir
É a dona da certeza
E a certeza é mesquinha, simples assim
Quem poderá detê-la?
Se ela arranca os cabelos
Se ela dorme entre nós, se é a nós que ela quer
Mesmo quando está errada
Vem nos dando explicação
É a cabeça quadrada
Brada a multidão
A cabeça do óbvio ligou seu motor
Incansável, devora tudo ao seu redor
E cada vez maior
Cada vez maior
A cabeça do óbvio já se acostumou
Quem dará providência
A este atípico drama?
Quando triste no breu brilha feito neon
Tem a única resposta
Tem a palavra final
Medo cravado nas costas
Sings the lovely crowd
La cabeza del obvio incendió tu motor
Incansable, devora todo alrededor
Es cada vez mayor
Cada vez mayor
A cabeça do óbvio já se acostumou
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3. |
Mundonela
03:52
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Quando o trem desembesta
Vale o lugar marcado
Quem se aprontou pra a festa
Não vem mais
Mundonela, Mundonela
Sem escolha, pronta-entrega
Hoje é claro que já não há quem resista
Nem tecido que a navalha não abriu
Hoje não tem saída
Planta que não dá sombra
Morna, feroz, comprida
Sobre nós
Mundonela, Mundonela
Fura-bolos, passarela
Bem de perto posso ouvir você rosnar
Se de longe solidão
Pode ser que seja o fim
Não pretendo discutir a relação
Estou dentro e pronto pro que há
Inspiro o ar que posso e volto a argumentar
Contra o frigobar
Pelo guindaste espero
Sentado na calçada
Cantalorando boleros
Matinais
Mundonela, Mundonela
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4. |
Menino Tempo
02:06
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5. |
Henry Miller Foi Mendigo
04:40
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Não é a primeira, nem segunda, nem terceira vez
Que você se acha no direito de me condenar
Vejo que é difícil você compreender, perceber
Ou tentar se pôr no meu lugar
Não é a maneira e nem que fosse iria ajudar
Pode ser besteira e se pudesse já daria para começar - deixa estar: já cansei de tanto bê a bá
Já que coloquei essa questão em pauta
Na falta de um assunto melhor
Vez em quando um sentimento me arrebata, me assalta e leva até meu paletó
De fato isso não interessa em nada ao seu outdoor
Se me vir troque de calçada, não toque no assunto, dê risada
Anote num papel quatro por três, de zero a dez
A sua nota com uma breve tradução para o francês, eis - que então tereis
Via email a média compensada de sua pequenêz
Eu estive lá, eu vi, vou repetir:
Eu estive lá, estive perto de já não estar aqui
Estive em voga no seu ti ti ti
Vide o verso está impresso qual a direção
Em letras miúdas do tamanho de nossa imaginação
Na falta de paz temos pão, temos teto
Fiz o que era certo, fiz do coração objeto
Decorando a cela, pra combinar com as paredes da novela
Caso surja alguma chance de saída, me avise, pode me acordar no meio daquela avenida
Enquanto isso brotam pés de ritalina
Aromatizando as saias das meninas
Cada qual inventa a própria Palestina
Convida seu vizinho pra entrar, pra um chá
Peça à Deus ou ao Ratinho pra te ajudar
Um Jaguar, um afresco de Delacroix
Mas o que importa mesmo é ter saúde e sorte
E uma piada nova todo dia no meu celular
Esse que tá aqui, que cê vê, que hoje pouco ri
Que se cansou da bebedeira, quis sumir
Derrepente desaparecer
Ateando fogo na própria bandeira pra se aquecer
Esse mesmo, ranzinza, covarde
Tentando dessas cinzas construir cidade
Enquanto crê no que acredita nunca é tarde
Alô, alô imbecis
Sem um pingo de verdade nos "IS"
Henry Miller foi mendigo e de verdade quem não é??
Morou sujo em todos nós
Onde nascer é feroz e existir é maré
Crise no "paradize", no paradise
Catarse, guerra dos chips, das polaróides
Pela fresta espia o Doutor Freud sem entender
Os novos casos de PMD
Eu como bom menino branco, alfabetizado, não posso
Me queixar apesar de dilacerado por inteiro, sem exagero
Também não ajuda o sol de Salvador em janeiro
Falha no sinal
Bato com a cabeça contra a porta espessa do Taj Mahal
Obedeço às cegas, não solto grito
Tanto faz o crime deixa que de pronto eu admito
Entrego o ouro delivery, já embalado pra presente
Preso à armadilha sigo a vã cartilha do homem carente
De esquadros e escovas de dentes
Cartilha que não aceita jabá
Nela o que existe se concentra, febre de quarenta em dia de Iemanjá
Páprica sobre os óvulos da mãe mandrágora
Polpa prisma
O polvo é o marido da pólvora
Nada errado com Fabão
E a virtude está no meio
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6. |
De Dentro da Paisagem
03:36
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De dentro da paisagem, confuso teorema
No ventre do problema alguém inventa a roda
Engorda e cresce livre de tudo o que é tacanho
Relembra o seu tamanho às terças e domingos
É claro que é dos gringos a culpa
Coragem pra enxergar o que há
Nem bem amanheceu
A praça anunciou
De dentro da paisagem, inferno inocentado
Escreva seu recado nas notas de dez pratas
Meninos com batatas, champagne ao fim da tarde
Estranha claridade, perdão de todo dia
Alto-lar, favor não prosseguir
Transgredir a linha do equador
Paisagem bicolor
Vasta como ela só
Xilindró
Chill in drops
Forte a ponto de insistir
E existir
Para além de mim
Façamos dessas tripas perucas
Que seja antes do mundo acabar
Prepare o cobertor
O grito já se ouviu
De dentro da paisagem
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7. |
A Alma das Coisas
06:34
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Em todo canto cai a tarde
Nessa cidade um zum zum zum
Cubo de armar, nada a perder
Junto o que é pó, toço pra crescer
Ando sem porquê
Em todo o resto desencanto
Mas me levanto mesmo assim
Pode atacar. Teu karatê.
Não bastará o que eu tenho a dizer
É puro clichê
Sou cópia fosca da maioria
Da teoria mais elementar
Avançar pelo estreito portão
Vou com tudo que eu posso arriscar
Sou como a coisa, sou como a alma
Que cada coisa tenta conquistar
Ao findar de uma vez a ilusão
De que tem mesmo alma pra dar
Em todo abrigo uma desculpa
Já não preocupa onde dormir
Nem me explicar, nem merecer
Vez em quando sem causa precisa
Eis que o mundo pode se enganar
E apesar de uma parte indecisa
Você pode ter razão
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